Prefeitura Municipal de Bom Despacho

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Confira aqui os textos selecionados da Olimpíada de Língua Portuguesa – Escrevendo o Futuro

Confira aqui os textos selecionados na segunda etapa municipal da Olimpíada de Língua Portuguesa “Escrevendo o Futuro”.

Participam da competição alunos de todas as escolas do município em quatro categorias de acordo com ano em que cursa.

Categoria: Poesia

Obs.: foram selecionados 2 textos.

Escola Municipal João Dornas Filho

Professora: Fabiana Dalila Tavares de Castro

Aluno: Luana Aparecida de Oliveira – 5º ano

Título – UM CANTINHO DO CÉU

Colégio Tiradentes da PMMG

Professora: Marina José da Silva

Patrick Chistian de Melo – 6º ano

Título – RANCHO CHICO DO LUAR

Categoria: Crônica

Escola Municipal Virgílio Antônio da Silva

Professora: Crislene Aparecida Santos

Aluna: Patrícia Michelle Silva – 9º

Título – AS VARREDEIRAS

Categoria: Artigo de Opinião

Escola Estadual Chiquinha Soares

Professora: Regina Maria Garbazza oliveira

Aluna: Priscila Alves de Oliveira – 2º ano do Ensino Médio

Título – ACESSIBILIDADE

Categoria: Memórias literárias

Escola Estadual Miguel Gontijo

Professora: Silvânia Célia da Costa Rodrigues Braga

Aluna: Yasmim Cássia Gontijo – 8º ano

Título – VESTIDINHO MEU

Lembro-me, como se fosse hoje, do dia em que apareceu, lá na roça, a passear, uma menina de minha idade, nove anos, morena, de cabelos pretos, longos e encaracolados, com um vestido vermelho, lindo, todo bordado, que parecia ter sido feito de flores silvestres. Fiquei encantada com o vestido! Queria tanto um igualzinho! Mas, como? Se eu pedisse a papai, até saberia a resposta: “Onde já se viu, menina-moça da roça de Bom Despacho, do Centro-oeste mineiro, ficar andando igual à madame?! O que vão falar? Que temos dinheiro e moramos na roça só para mostrar?” Mas, se eu não pedisse, nunca saberia a resposta. Fui dormir pensando no vestido.

Na manhã seguinte, tomei coragem e fui falar, não com papai, mas com mamãe. Ela me disse que compraria o pano e faria o vestido. Eu quase explodi de tanta felicidade! Ao chegar à venda, com mamãe, para comprar o pano, escolhi o mais lindo que encontrei. Fui para casa feliz da vida, pois mamãe prometeu-me que, naquele mesmo dia, começaria a fazer o meu vestidinho.

Quando ele ficou pronto, mamãe chamou-me para entregá-lo, na pequenina sala. Era lindo, igual ao da menina: vermelho, rodado, cheio de babadinhos! E as flores, bordadas com carinho, eram lindas como as reais. Não esperei mamãe dizer nada, e já fui colocando o vestidinho que ficou maravilhoso em meu pequeno corpo, do jeitinho que eu imaginara.

Mas, como meu pai sempre dizia, a alegria dura pouco. No domingo, mamãe avisou que mais tarde iríamos passear. Ansiosa para mostrar meu vestidinho, corri e fui vesti-lo. Já estava prontinha, mas lembrei-me de que mamãe havia me mandado moer canjiquinha para as galinhas. Ela não me deixava fugir dos afazeres. Fui moer os grãos. Enquanto isso, ouvia os gritos e as gargalhadas dos meus irmãos que se arrumavam para sair. E , quanto mais moia, mais havia grãos para moer. Pareciam render. Foi quando me ocorreu uma ideia: coloquei alguns grãos na saia do vestido, fiz deles uma trouxinha, abaixei-me e comecei a socá-los com uma pedra. Logo na terceira batida, o vestido ganhou um buraco, e os grãos de milho não viraram canjiquinha.

Quando viu o estrago no vestido, mamãe me desceu uma tunda de taca. Eu chorei muito, não tanto pela dor, mas de arrependimento e tristeza de haver destruído o vestido dos meus sonhos.

Hoje, ao contar essa história para meus netos, um deles até me perguntou se o vestido estava morto e enterrado. Eu simplesmente disse que sim. Na verdade, está morto mesmo, mas nunca enterrado na minha memória.

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